terça-feira, 8 de abril de 2008

Produtos com bactérias "boazinhas" se tornam populares

Bactérias na comida do bebê? Micróbios no seu milkshake? Fique tranqüilo, isto não é a última ameaça da sua comida - é o crescimento de uma tendência em comidas desenvolvidas para melhorar a saúde, não para deixar você doente.
Estes produtos contêm probióticos, ou bactérias "amigáveis" semelhantes àquelas encontradas no sistema digestivo humano.

Existem pílulas suplementares, iogurtes, smoothies, barras de cereais e até mesmo em fórmulas de comidas para bebês e chocolates. Eles são vendidos por grandes nomes como Danone e Kraft, e estão espalhando como germes nas prateleiras dos supermercados e nos laticínios.

E estes produtos surgem com vagas propagandas sobre a saúde de "regular seu sistema digestivo" ou "fortalecer suas defesas do corpo".

Especialistas dizem que os probióticos são geralmente mais seguros e, em alguns casos, podem ser de grande ajuda. Mais pequisas são necessárias e é uma nova área que reflete uma compreensão crescente sobre o papel que ocorre naturalmente em bactérias intestinais no que se refere à saúde. Nesta semana, o NIH (Instituto Nacional de Saúde de Chicago, em tradução literal) está propondo uma conferência em que os melhores cientistas discutirão os avanços recentes.

Por enquanto, o mercado está à frente da ciência. É tudo parte do desenvolvimento de um esforço para capitalizar a obsessão por comidas saudáveis. Probióticos já são muito populares na Europa, Ásia e América do Sul.

E também existem "pré-bióticos", que contêm fibra e outros nutrientes que alimentam as bactérias probióticas.

Até este ano, mais de 150 produtos alimentícios comerciais com probióticos e pré-bióticos foram introduzidos nos Estados Unidos comparado com aproximadamente 100 no ano passado e apenas 40 em 2005, disse Tom Vierhile da Datamonitor, de uma empresa de pesquisa de mercado.

"É definitivamente uma tendência crescente", diz Vierhile.

Holly Maloney, 32 anos, um professor de nutrição da Chicago's Kendall College, come novas barras de nutrição que alegam ajudar na digestão e no sistema imunológico. Ela também é uma fã de iogurte e kefir, uma bebida com leite fermentado que contém probióticos. "Eles simplesmente me fazem sentir bem", diz sobre os produtos. "Se eu fico sem eles por poucos dias, eu não me sinto bem".

Enquanto muitos probióticos não têm sido submetidos a testes científicos rigorosos, existem evidências emergentes que grandes quantidades de alguns tipos de bactérias "amigáveis" podem ser úteis.

Pequenos estudos têm sugerido que certos probióticos podem ajudar a tratar ou prevenir alguns tipos de gastroenterites, diarréia e reações alérgicas da pele, e as bactérias estão sendo investigadas por muitos outros alimentos.

O NIH declarou o estudo de bactéria gastrointestinal e probióticos como uma grande iniciativa de pesquisa. O próximo encontro da agência irá ressaltar a ciência atual e então poderá identificar falhas na pesquisa e determinar as futuras direções, disse Crystal McDade-Ngutter, que comanda o grupo de trabalho do NIH sobre o assunto.

"O fato é que existe uma série de implicações para a saúde e uma falta de compreensão associada ao uso do pré e probitóticos e tornam este um assunto muito interessante para um estudo", ela disse.

Por exemplo:
Um estudo canadense publicado no mês passado sugeriu que o leite fermentado que contém lactbacillus acidophilus e Lactobacillus caseii poderia ajudar a prevenir diarréia relacionadas a antibióticos.

Um estudo da Finlândia publicado neste ano descobriu que uma bebida de aveia que contém a bactéria Bifidobacterium lactis ajudou na função do intestino em residentes de enfermagem.

Cientistas na Argentina estão investigando se o leite fermentado com bactéria de ácido lático deveria reduzir as quantidades de substâncias causadoras de câncer no intestino.

Mesmo sem todas as respostas da ciência, os probióticos são uma indústria global de multibilhões de dólares. Só nos Estados Unidos, as vendas no varejo de comidas e suplementos com conteúdo probiótico totalizaram um número estimado em US$ 764 milhões em 2005 e devem chegar a US$ 1 bilhão em 2010, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado BBC Research.

O iogurte da Danone Activia, introduzido no ano passado, é praticamente o mais conhecido produto norte-americano. Seu primeiro ano de vendas gerou mais de US$ 100 milhões. A General Mills introduziu o competidor YoPlus, sob a marca Yoplait neste ano.

Um pesquisador da Universidade de Michigan Gary Huffnagle nomeou os probióticos como "um novo grupo essencial de comida" em seu novo livro The Probiotics Revolution (A Revolução dos Probióticos, em tradução literal). O conceito, entretanto, não é novo.

Milhões de boas bactérias vivem na região do intestino, ajudando a afastar as bactérias más e causadoras de doenças. Cada vez mais cientistas acreditam que a doença surge quando o balanço fica dividido e as bactérias ruins dominam.

Este crescimento exagerado tem implicado muitos problemas digestivos comuns incluindo a inflamação do intestino e a síndrome do intestino irritável, disse Sri Komanduri, um especialista gastrointestinal do Chicago's Rush University Medical Center.

Komanduri prescreve pílulas probióticas que contêm 450 bilhões de bactérias de ácido lático vivas para a doença inflamatória do intestino e o crescimento exagerado de bactérias.

Mas ele não prescreve a seus pacientes sem recomendações específicas e ele não recomenda comida com probióticos porque ele disse que não existem evidências de que elas sejam efetivas.

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