terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Você tem alergias alimentares? Tem certeza?


Uma menina de sete anos da Virgínia morreu recentemente devido a uma grave reação alérgica. Ammaria Johnson comeu um amendoim que ganhou de um amigo durante o intervalo. Em seguida, passou a apresentar dificuldade para respirar, sua pele ficou repleta de erupções e ela morreu logo depois. Não se sabe se a família sabia da alergia, mas incidentes como este nos lembram como as alergias alimentares podem ser perigosas.
Mais de 90 por cento das alergias alimentares são desencadeadas por oito alimentos: trigo, soja, ovos, leite de vaca, frutos do mar, amendoim, nozes e peixe. As causas ainda são desconhecidas, mas pesquisadores se esforçam para desvendar o mistério. Recentemente, um estudo concluiu que ter um diploma universitário aumenta as chances de se desenvolver alergias alimentares, mas que este risco parece ser reduzido entre imigrantes. São correlações, não ligações de causa e efeito, e elas ainda não são claras.
Quanto o assunto é morte por alergia a amendoim, um dos casos mais famosos foi o da garota canadense de 15 anos, que morreu em 2005 depois de um beijo. Foi uma sensação na mídia: a história trágica e bizarra de um amor juvenil interrompido por um beijo mortal do namorado, que acidentalmente condenou a amada por ter comido um lanche com manteiga de amendoim algumas horas antes.
O caso despertou o temor de muitos pais ao redor do mundo. No entanto, o “beijo da morte” mostrou ser apenas uma lenda criada pela mídia: um legista concluiu que a menina havia morrido devido a um grave ataque de asma, e não por uma reação alérgica ao amendoim.
A maioria dos equívocos ligados a alergias alimentares não são muito divulgados, mas pesquisas mostram que são comuns. Há muito menos pessoas alérgicas do que se acredita, e às vezes, nem os supostos alérgicos sabem disso. Se perguntarem a um grupo de pessoas se são portadoras de alergias alimentares, cerca de 12% responderão que sim.
No entanto, os estudos mostram que a maioria dessas pessoas está errada. Segundo, Jane E. Brody, do New York Times, em um artigo que discute o novo relatório do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, “cerca de uma criança em 20 e um adulto em 25 têm uma alergia alimentar, números que passam longe da estimativa popular de que até 30 por cento dos americanos sofrem desse mal”.
À primeira vista, a ideia de que uma pessoa não saiba se é alérgica ou não parece desafiar o senso comum: ou ela tem uma reação ruim a um alimento específico ou não, certo? Como alguém poderia não saber?
No entanto, no mundo real da medicina e da psicologia, isso não é tão claro. Nossa mente cria associações entre causas e efeitos que não necessariamente existem. Por exemplo, se uma pessoa adoece depois de comer um prato de massa com frutos do mar, é muito difícil saber o que causou o problema: o trigo na massa, os frutos do mar, o leite no molho, ou algo totalmente diferente.
Os sintomas alérgicos podem ser confundidos com facilidade com problemas que nada têm a ver com comida. Algumas pessoas sentem náuseas e apresentam erupções na pele depois de ingerir determinados alimentos, mas isso não significa que eles causam estas reações. Em alguns casos, pode se tratar de uma simples intoxicação alimentar: a carne não estava totalmente cozida ou o creme ficou muito tempo fora da geladeira.
Outra razão para o diagnóstico errôneo de alergias alimentares é que os dois testes mais comuns costumam produzir falsos positivos, indicando uma alergia inexistente. Na maioria das vezes, os testes não são realizados e as pessoas (ou seus parentes) se auto-diagosticam com alergias alimentares: por que se incomodar e gastar com um exame médico se é mais fácil evitar os alimentos que você suspeita serem prejudiciais?
Só há uma forma definitiva de confirmar se um paciente é, de fato, alérgico a uma substância, e ela não envolve exames de sangue nem agulhas: o médico isola as substâncias suspeitas e o paciente as ingere sob supervisão médica para ver se há alguma reação adversa.
A preocupação de alguns pesquisadores quanto ao diagnóstico errôneo de alergias é que algumas pessoas, sobretudo as crianças,  possam estar adotando dietas desnecessariamente restritivas sob a orientação de pais bem-intencionados.

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